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O TEATRO ROMÂNTICO
O TEATRO ROMÂNTICO

 

          Com o Romantismo surge no Brasil um interesse maior pelo teatro. Quase todos os autores românticos compuseram peças teatrais.

     Gonçalves Magalhães, tendo introduzido o movimento no Brasil publicando o primeiro livro de poemas românticos em 1836, "A Confederação dos Tamoios", quis também ser primeiro a publicar a primeira peça teatral do Romantismo Brasileiro, escrevendo "Antônio José" ou "O Poeta e a Inquisição", de pouco valor artístico.

     Gonçalves Dias escreveu dramas e tragédias, como "Leonor de Mendonça", onde mostra a fatalidade humana, dependente dos deuses e fadas; escreveu ainda: "Beatriz Cenci", "Boabdil", "Patkull".

       José de Alencar, preocupado com a "brasilidade", compôs "Verso e Reverso", peça de ambientação carioca, e "O Demônio Familiar", comédia que gira em torno das molecagens de um escravo enredador e ambicioso. No drama "Mãe", Alencar focaliza a figura de Joana, escrava que se sacrifica e morre pelo bem-estar de seu senhor e por sua felicidade conjugal. O patrão vende-a para resgatar uma dívida, não sabendo ser ela sua própria mãe.

    Mas a principal e única verdadeira vocação teatral do nosso Romantismo foi Martins Pena.


Luís Carlos MARTINS PENA

         Nasceu no Rio, em 1815, e morreu em Lisboa, em 1848. Humilde de nascimento, estudou e aprendeu por conta o francês e o italiano. Desde cedo começou a escrever comédias, alcançando muito êxito com o apoio do maior ator da época, João Caetano. Ingressou na carreira diplomática, mas, acometido de tuberculose, teve que regressar de Londres, vindo a falecer em Lisboa aos trinta e três anos de idade.

         Suas comédias fazem rir ainda hoje, mostrando o ridículo dos tipos e uma crítica às vezes sutil e outras de maneira direta à sociedade. Além do valor literário, suas obras têm um grande valor histórico-social e artístico, constituindo-se no primeiro grande valor da nossa dramaturgia. Algumas de suas peças são as seguintes: "O Judas em Sábado de Aleluia", "Os Irmãos das Almas", "O Diletante", "Os Três Médicos", "O Namorador ou A Noite de São João", "O Noviço", "O Caixeiro da Taverna", "Quem Casa Quer Casa", e muitas outras peças, algumas não editadas; outras não editadas, nem representadas.




O NOVIÇO

                                         de Martins Pena

          Ambrósio casou-se com Rosa quando ela ainda era mocinha de quinze anos. Viveram juntos dois anos. Com a morte da mãe de Rosa, Ambrósio tomou conta dos bens dela, vendeu-os e partiu para Montevidéu, a fim de empregar o dinheiro em negócios. Passaram-se seis anos e Rosa não teve mais notícias dele. Ambrósio encontra uma viúva muito rica, a qual tinha dois filhos, Emília e Juca, e ainda um sobrinho chamado Carlos, que estava no convento da Ordem de S. Bento como noviço.

          Ambrósio, ludibriando Florência, a viúva, casa-se com ela, a fim de tomar posse dos bens da família. Com ardis e malícia forçou os filhos de Florência a entrarem num convento, para que não exigissem a herança. Carlos foge do convento e vai para a casa da tia. Rosa vem do Ceará atrás do marido, informada por outras pessoas. Chegando a casa de Florência, pergunta a Carlos, que estava de batina, se ele era parente do Sr. Ambrósio Nunes, dizendo ser casada com ele há oito anos, conforme documentos que apresentou.

      O Mestre dos noviços vem à casa de Florência para levar Carlos de volta ao convento, mas este troca de roupa com Rosa e os oficiais levam-na por engano. Carlos contou tudo a Ambrósio, dizendo que se forçasse os filhos de Florência a irem para o convento, contaria a sua tia toda a verdade, visto estar ele apaixonado por sua prima Emília.

        Ambrósio, desesperado com a notícia de que sua primeira mulher o descobrira, acaba concordando em tudo com Carlos, prometendo falar com o Abade-Mestre para perdoá-lo e não forçar a ida dos meninos para o convento.

         No mosteiro descobriram que haviam levado uma mulher, considerando isso um sacrilégio, o que os fez voltarem à casa de D. Florência, conduzindo Carlos para o convento de onde mais tarde ele foge novamente.

          Florência já estava bastante desconfiada de Ambrósio; ao se encontrar com Rosa, que voltava do convento, e ao ver a certidão de casamento que esta lhe mostrava, ficou sabendo de tudo. Ambrósio foge.

      Florência e Rosa lastimaram-se juntas da patifaria de Ambrósio que só fazia juntar fortuna. José, o criado, dava toda assistência a D. Florência. Carlos, tendo fugido novamente do convento, esconde-se debaixo da cama da tia. Ambrósio, vestindo-se de frade, vai até a casa de Florência e, ao se aproximar tira o capuz, ameaçando matá-la se ela não lhe desse dinheiro. Florência pede socorro a seu vizinho Jorge que, com mais quatro homens armados, estavam à procura de Ambrósio. Estes, ao avistarem um homem debaixo da cama de Florência, passaram a espancá-lo, sob os protestos de Emília, que gritava não ser ele o procurado. Logo notaram que haviam pegado o homem errado e que Ambrósio estava escondido no armário. Florência e Rosa espancaram-no e em seguida os oficiais o levaram preso. Ambrósio se maldizia, dizendo que uma mulher já bastava para desgraçar a vida de um homem, quem dera duas!

          O Abade-Mestre perdoa a Carlos, dando-lhe um abraço.