CANAÃ
O romance "Canaã" foi publicado em 1902 e tem seu enredo localizado em Porto do Cachoeiro, Espírito Santo.
A ação gira em torno de Milkau e Lentz, dois imigrantes alemães, que escolheram o Brasil como segunda pátria.
Milkau é francamente voltado para a defesa do país, que encara de modo idealista. Lentz, ao contrário, é racista e preconceituoso, ao profetizar a supremacia dos povos arianos sobre os mestiços, fracos e indolentes.
Com o desenvolvimento da ação, Milkau apaixona-se por Maria, uma doméstica que trabalha em casa de família alemã. Seduzida pelo filho de seus patrões, Maria fica grávida e é expulsa de casa. Vagueia pela colônia alemã até perto de perder o filho, que nasce à beira de um rio. A criança é devorada por suínos, e Maria é presa sob supeita de ter assassinado o próprio filho. Milkau a socorre, tira-a da prisão e foge com ela em busca da terra prometida.
CIDADES MORTAS
Publicado em 1919, o romance "Cidadess Mortas" reúne os primeiros trabalhos de Monteiro Lobato, do tempo de estudante e do tempo de promotor em Areias.
Era uma época em que não havia muitos recursos de comunicação no interior do país - nem rádio, nem cinema, nem automóveis.
A política estava na mão de fazendeiros e "coronéis", que tudo controlavam. As cidades viviam em função do café.
Após a derrocada da Bolsa de Nova York, em 1929, as cidades decaíram e tornaram-se anacrônicas.
OS SERTÕES
Publicado em 1902, o livro"Os Sertões" foi escrito quando engenheiro Euclides da Cunha construia uma ponte na cidade de São José do Rio Pardo, interior paulista.
Serviram-lhe de roteiro as reportagens que, como correspondente especial, escrevera no dia-a-dia da guerra de Canudos.
Armado de cultura técnico-científica, o engenheiro trouxe para a literatura o vocabulário preciso de seu ofício.
Dividiu o livro em três partes: A Terra, O Homem e A Luta, com o intuito de trazer ao leitor uma visão completa do que se passava em Canudos.
Na primeira parte, o escritor descreve a terra - palco representada a trágica peleja entre brasileiros-irmãos que se desconheciam e que o destino colocou no papel de antagonistas.
Na segunda parte, retrata o homem brasileiro que se defronta naquele palco: de um lado o sertanejo resistente; de outro, o militar incumbido de domá-lo.
Emerge nesta parte a figura do chefe da revolta, Antônio Conselheiro,
o sertanejo que representava todos os combatentes/lutadores e era ponto de agregação em que convergiam as características da sociedade sertaneja.
Personagens secundários do sertão são trazidos à cena: Volta-Grande, Pajeú, Pedrão, Trança-Pés, Boca-Torta, Chico-Ema, João Abade. São também exibidos os coronéis Moreira César e Tamarindo, o general Machado Bittencourt e muitos militares.
Na terceira parte, finalmente, desenrola-se a luta, dividida em seis episódios Preliminares, Travessia do Comboio, Expedição Moreira César, Quarta Expedição, Nova Fase da Luta e Últimos Dias.
As forças governistas acabaram por aniquilar o primitivo exército de jagunços.
De estilo pomposo e oratório, Os Sertões são um livro de extraordinária riqueza de pensamento e expressão.
TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA
Publicado em folhetins, em 1911, e depois em livro, em 1915, este romance relata a vida de major Quaresma, que trabalha como subsecretário do Arsenal de Guerra. Nacionalista exaltado, julgava-se, pelas meditações patrióticas que fizera, em condições de lutar por reformas radicais no país.
Estudioso das tradições folclóricas, defensor do modo de vida dos índios tupinambás e admirador das modinhas populares, Quaresma considera que o povo brasileiro deveria emancipar-se.
As pessoas que o cercam são, no entanto, mediocres: o general Albernaz, cuja preocupação é o casamento de sua filha Ismênia com o Dr. Cavalcanti; o contra-almirante Caldas; o major Bustamante (interessado na própria aposentadoria).
O major Quaresma é visto como louco perigoso quando manda um requerimento ao Congresso Nacional, sugerindo a adoção do Tupi como idioma oficial do Brasil. É suspenso temporariamente do trabalho quando traduz um ofício para a língua indígena. Declarado louco, é internado em hospício, onde projeta reformas e mais reformas.
Apenas o amigo fiel Ricardo Coração dos Outros, um violeiro, e sua afilhada Olga Coleoni acreditam naquilo que Quaresma prega.
Ao sair do hospício, seis meses depois, resolve defender uma reforma na agricultura brasileira. O seu sítio "Sossego" transforma-se em verdadeiro quartel-general da reforma agrária.
Admirador do Marechal Floriano Peixoto, Quaresma atrai para si mais ódio.
Ao eclodir a Revolta da Armada, o major apóia Floriano e pretende lutar contra os rebeldes amotinados na baía de Guanabara, defendendo a ordem republicana. Enquanto isso, os amigos militares só pensam em tirar proveito da revolta. Até mesmo Floriano Peixoto chega a desprezar Quaresma, posteriormente. Com o fim da revolta, já doente, Quaresma é preso e mandado para a Ilha das Cobras, por ter redigido um protesto em defesa de presos. É fuzilado, injustamente.